A EMERGÊNCIA DO COPYRIGHT NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII

Autores

  • Marco Antônio Sousa Alves Queens University em Kingston - Canadá / Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Palavras-chave:

Copyright, Direito de autor, História do Direito, Direito inglês, Século XVIII

Resumo

O artigo tem por objetivo investigar a emergência do copyright no direito inglês do século XVIII. Argumentaremos que, por um lado, as legislações modernas, como o Statute of Anne de 1710, alteraram a tradição regulatória que vinha dos séculos XVI e XVII, derrubando a censura prévia e o sistema dos privilégios reais, mas, por outro lado, permitiram um novo rearranjo no qual velhas práticas monopolísticas sobreviveram sob o manto da nova retórica autoral e burguesa. Seguindo uma perspectiva genealógica, profundamente influenciada por Michel Foucault, enfatizaremos as batalhas travadas em torno desse tema, sustentando que o direito moderno de autor não deve ser visto simplesmente como o resultado de uma evolução ou a consagração de um direito natural. O presente estudo baseia-se na análise de um conjunto heterogêneo de fontes da época, como ensaios filosóficos, documentos legais e decisões judiciais, além de considerar diversas pesquisas recentes desenvolvidas sobre o tema por juristas, filósofos e historiadores.

Biografia do Autor

Marco Antônio Sousa Alves, Queens University em Kingston - Canadá / Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

Professor Adjunto de Teoria e Filosofia do Direito e do Estado na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD/UFMG). Atua no momento como Professor Visitante no Surveillance Studies Centre, na Queens University em Kingston, Canadá, como bolsista do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt/CAPES). Doutor em Filosofia pela UFMG (2014), com estágio de pesquisa doutoral na École des hautes études en sciences sociales (EHESS/Paris), tendo a tese recebido o Prêmio UFMG de Teses e Menção Honrosa do Prêmio CAPES de Tese 2015. Mestre em Filosofia e graduado em Direito e em Filosofia, todos também pela UFMG. Foi pesquisador-bolsista de pós-doutorado (PNPD/CAPES) no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFMG entre 2014 e 2017. Trabalha nas áreas de Filosofia Contemporânea, Filosofia Política, Filosofia do Direito, Teoria da Argumentação e em questões éticas, políticas e jurídicas ligadas às novas tecnologias da informação e da comunicação. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3781743161897964. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4885-8773. E-mail: marcofilosofia@gmail.com.

Referências

ALVES, Marco Antônio Sousa. O direito de apropriação privada em Locke: um pensamento de transição. Controvérsia, v. 6, p. 51-67, 2010.

BARBIER, Frédéric. Histoire du livre. 2a ed. Paris: Armand Colin, 2006.

CHARTIER, Roger. L’ordre des livres: lecteurs, auteurs, bibliothèques en Europe entre XIVe et XVIIIe siècle. Aix-en-Provence: ALINEA, 1992.

CHARTIER, Roger. Qu’est-ce qu’un auteur? Révision d’une généalogie. Bulletin de la Société Française de Philosophie, n. 4, p. 1-37, 2000.

CHARTIER, Roger. Foucault’s chiasmus: authorship between science and literature in the Seventeenth and Eighteenth centuries. In: BIAGIOLI, Mario; GALISON, Peter (eds.). Scientific authorship: credit and intellectual property in science. New York/London: Routledge, 2003. p. 13-31.

CHAVES, Antônio. Direito de autor: princípios fundamentais. Rio de Janeiro: Forense, 1987.

DEFOE, Daniel. An essay on the regulation of the press. Transcrição da versão original realizada em 2003 por Risa Bear, Renascence Editions. London: 1704. Disponível em: http://www.luminarium.org/renascence-editions/defoe2.html. Acesso em: 15 nov. 2013.

ENGLAND. An Act concerning Monopolies and Dispensations with Penal Laws and the forfeitures thereof (Statute of Monopolies). In: BENTLY, L; KRETSCHMER, M. (eds.). Primary Sources on Copyright (1450-1900). London: 1624. Disponível em: http://copy.law.cam.ac.uk/record/uk_1624. Acesso em: 13 jun. 2013.

ENGLAND. The Statute of Anne: an act for the encouragement of learning, by vesting the copies of printed books in the authors or purchasers of such copies, during the times therein mentioned. In: BENTLY, L; KRETSCHMER, M. (eds.). Primary Sources on Copyright (1450-1900). London: 1710. Disponível em: http://copy.law.cam.ac.uk/record/uk_1710. Acesso em: 13 jun. 2013.

FEATHER, John. From rights in copies to copyright: the recognition of author’s rights in England law and practice in the sixteenth and seventeenth centuries. In: JASZI, Peter; WOODMANSEE, Martha (eds.). The construction of authorship: textual appropriation in the law and literature. Durham/London: Duke University Press, 1994. p. 191-209.

FOUCAULT, Michel. "Il faut défendre la société”: cours au Collège de France (1976). Paris: Seuil/Gallimard, 1997.

FOUCAULT, Michel. Qu’est-ce qu’un auteur? (1969). In: FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits, vol. I. Paris: Gallimard, 2001. p. 817-849.

FOUCAULT, Michel. Nietzsche, a genealogia, a história (1971). In: FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos, vol. II: arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento. Organização Manoel Barros da Motta. Trad. Elisa Monteiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005. p. 260-281.

GREFFE, Xavier. Économie de la propriété artistique. Paris: Economica, 2005.

HUGHES, Justin. Locke’s 1694 memorandum (and more incomplete copyright historiographies). Cardozo Legal Studies Research, paper n. 167, 2006.

JASZI, Peter. Toward a theory of copyright: the metamorphoses of “authorship”. Duke Law Journal, v. 1991, n. 2, p. 455-502, 1991.

KING, Lord Peter. The life of John Locke, with extracts from his correspondence, journals, and common-place books. London: Henry Colburn and Richard Bentley, 1830.

KIRSCHBAUM, Leo. Author’s copyright in England before 1640. The Papers of Bibliographical Society of America, v. 40, n. 1, p. 43-80, 1946.

LINDENBAUM, Peter. Milton’s contract. In: JASZI, Peter; WOODMANSEE, Martha (eds.). The construction of authorship: textual appropriation in the law and literature. Durham/London: Duke University Press, 1994. p. 175-190.

LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo. Trad. E. Jacy Monteiro. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 37-138. (Coleção Os Pensadores, v. XVIII).

LONG, Pamela O. Invention, authorship, “intellectual property”, and the origin of patents: notes toward a conceptual history. Technology and Culture, v. 32, n. 4, p. 846-884, 1991.

MARTIN, Henri-Jean. Livre, pouvoirs et société à Paris au XVIIe siècle (1598-1701). Genève: Droz, 1999.

MENEZES, Elisângela Dias. Curso de direito autoral. Belo Horizonte: Del Rey, 2007.

MOLLIER, Jean-Yves. Les itinérances de l’auteur d’hier à aujourd’hui. In: LUNEAU, Marie-Pier; VINCENT, Josée (dir.). La fabrication de l’auteur. Québec: Nota bene, 2010. p. 13-28.

NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

PATTERSON, Lyman Ray. Copyright in historical perspective. Nashville: Vanderbilt University Press, 1968.

PFISTER, Laurent. L’auteur, propriétaire de son œuvre: la formation du droit d’auteur du XVIe siècle à la loi de 1957. Tese (Doutorado em Direito). Faculté de Droit, de Sciences Politiques et de Gestion, Université Robert Schuman (Strasbourg III). Strasbourg, 1999.

ROSE, Mark. Authors and owners: the invention of copyright. Cambridge, Mass./London: Harvard University Press, 1993.

SAUNDERS, David; HUNTER, Ian. Lessons from the “Literatory”: how to historicise authorship. Critical Inquiry, v. 17, n. 3, p. 479-509, 1991.

THOMPSON, James. Models of Value: eighteenth-century political economy and the novel. Durham/London: Duke University Press, 1996.

TURNOVSKY, Geoffrey. The literary market: authorship and modernity in the old regime. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2010.

UNITED STATES OF AMERICA. The Constitution of the United States of America, 1787. Disponível em: https://constitutionus.com. Acesso em: 10 mai. 2020.

Downloads

Publicado

2022-09-23

Como Citar

ALVES, M. A. S. . A EMERGÊNCIA DO COPYRIGHT NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII. Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas, [S. l.], v. 38, n. 2, p. 319–334, 2022. Disponível em: https://revista.fdsm.edu.br/index.php/revistafdsm/article/view/645. Acesso em: 25 abr. 2024.