CRIANÇA, CONSUMO E ATO INFRACIONAL

Autores

Palavras-chave:

Direito da Infancia e Juventude, direitos humanos, sociedade de consumo, atos infracionais patrimoniais

Resumo

Estuda-se a maneira em que sociedade de consumo afeta os jovens no desejo pelos produtos, visto que os dados nacionais sobre o sistema socioeducativo demostram que os adolescentes respondem, sobretudo, por atos infracionais de natureza patrimonial. Dialoga-se com a teoria estrutural-funcionalista- sobre como os valores do american way of life levavam os jovens das camadas mais desprivilegiadas economicamente à criminalidade-, com os criminólogos críticos, que refletem sobre os processos de criminalização, bem como com Zygmount Bauman e a sociedade de consumidores. Outrossim, apresentam-se as características de uma sociedade de consumo, de modo a identificar a atuação dos meios de comunicação e redes sociais na introjeção de valores consumistas e analisar as normativas sobre a publicidade e a comunicação mercadológica destinadas às crianças e adolescentes. Neste contexto, faz-se uso da técnica de revisão bibliográfica sobre os assuntos tratados na pesquisa e o cotejo dos dados oficiais sobre o Sistema Socioeducativo Nacional.

 

Biografia do Autor

Fernanda Carolina de Araujo Ifanger, PUC-Campinas

Professora do programa de mestrado em Direito da puc-campinas; doutora e mestre em direito pela USP; graduada em direito pela PUC-Campinas

Cláudio José Franzolin , PUC-Campinas

Professor do Programa de Mestrado em Direito da PUC-Campinas. Doutor (2009) e mestre (2005) em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Especialista em em direito empresarial (1994) na Universidade Mackenzie (São Paulo) e Direito dos contratos com ênfase em relações de consumo (2001) perante o C.E.U.- (Centro de Extensão Universitária - atual I.I.C.S - Centro de Extensão Universitária). É graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1992).

Samuel Antiqueira Michelan, PUC-Campinas

Graduando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e pela Universidade de Coimbra (Portugal). Participante e pesquisador no Laboratório de Ciências Criminais do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM). Pesquisador de Iniciação Científica (período 2021-2022). 

Referências

ARGYLE, Michael. A interação social: relações interpessoais e comportamento social. Tradução de Márcia Bandeira de Mello Leite Nunes. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

BAUMAN, Zygmunt. Vida Para Consumo: A Transformação das Pessoas em Mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. 6. ed. Tradução de Juarez Cirino dos Santos. Rio de Janeiro: Revan, 2011.

BRASIL. Lei nº 12594, de 18 de janeiro de 2012. Lei do Sinase. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm. Acesso em: 11 ago. 2022.

BRASIL. Presidência da República. Secretaria de Direitos Humanos (SDH). Levantamento anual sinase 2013. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, 2015. Disponível em: http://ens.ceag.unb.br/sinase/ens2/images/conteudo/levantamentos/Levantamento_2013_junho2015_Vers%C3%A3o_Restri%C3%A7%C3%A3o%20e%20Priva%C3%A7%C3%A3o%20de%20Liberdade.pdf. Acesso em: 10 ago. 2022.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos (MDH). Levantamento anual sinase 2015. Brasília: Ministério dos Direitos Humanos, 2018. Disponível em: http://ens.ceag.unb.br/sinase/ens2/images/conteudo/levantamentos/Levantamento_2015.pdf. Acesso em: 10 ago. 2022.

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos (MDH). Levantamento anual Sinase 2016.Brasília:Ministério dos Direitos Humanos, 2018. Disponível em < https://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/crianca-eadolescente/Levantamento_2016Final.pdf> Acesso em 4 out. 2019. Brasil. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH).

BRASIL. Código de Defesa do Consumidor nº 8078, de 11 de setembro de 1990. Lei. Brasília, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 11 ago. 2022

CIFALI, A. C.; CHIES-SANTOS, M.; ALVAREZ, M. C. Justiça juvenil no Brasil: Continuidades e rupturas. Tempo Social, [S. l.], v. 32, n. 3, p. 197-228, 2020. DOI: 10.11606/0103-2070.ts.2020.176331. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/176331. Acesso em: 11 ago. 2022.

COSTA, Domingos Barroso da. Criminalidade e violência na sociedade de consumo: uma abordagem interdisciplinar. Revista Bonijuris, Curitiba, v. 21, n. 550, p. 14-19, set. 2009.

CRUZ, Marco Aurélio Rodrigues da Cunha e; VERSUTI, Andrea Cristina. A hipervulnerabilidade das crianças nas relações de consumo no caso “é hora do shrek” (RESP 1.558.086). Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 117/2018, n. 15891, p. 323-359, maio 2018.

DURKHEIM, Émile. As Regras do Método Sociológico. Petrópolis: Editora Vozes, 2019. Tradução de: Maria Ferreira

EFING, Antônio Carlos. Fundamentos do direito das relações de consumo: consumo e sustentabilidade. Curitiba: Juruá, 2020, p. 271.

EFING, A. C.; MOREIRA, A. C. T. Influenciadores mirins: reflexos da publicidade digital direcionada às crianças. civilistica.com, v. 10, n. 3, p. 1-18, 6 dez. 2021.

FONTENELLE, Lais. Criança e Consumo: 10 anos de transformação. São Paulo: Instituto Alana, 2016.

LIMA, Renato Sérgio de; BUENO, Samira (org.). Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 8. ed. São Paulo: Brasil, 2014.

LIPOVETSKY, Gilles. A felicidade paradoxal: ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. 2. ed. Tradução de: Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.

MARQUES, Claudia Lima. Criança e consumo: contribuição ao estudo da vulnerabilidade das crianças no mercado de consumo brasileiro. Revista de Direito Civil Contemporâneo, São Paulo, v. 14/2018, p. 101-129, mar. 2018.

MASCARO, Alysson Leandro. Estado e Forma Política. São Paulo: Boitempo, 2013.

MERTON, Robert. Social Structure and anomie. American Sociological Review, 1938.

MONTEIRO, Maria Clara Sidou. A autorregulamentação em questão: a legitimidade do CONAR e a participação da esfera pública na discussão da publicidade para a criança. In: XXXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2012, Fortaleza. Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. 2012. p. 1-15.

ROMÃO, José Eduardo Elias. Sobre o exercício do direito à comunicação por crianças: os casos da resolução 163 do CONANDA e da nova classificação indicativa. In: FONTENELLE, Lais. Criança e Consumo: 10 anos de transformação. São Paulo: Instituto Alana, 2016. p. 318 – 341.

SANTOS, Juarez Cirino dos. Criminologia: contribuição para crítica da economia da punição. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2021

SERRANO, Vidal; SOUZA, Adriana Cerqueira de. A discussão legal da publicidade comercial dirigida ao público infantil. In: FONTENELLE, Lais. Criança e Consumo: 10 anos de transformação. São Paulo: Instituto Alana, 2016. p. 342- 353.

SHECAIRA, Sérgio Salomão. Sistema de Garantias e o Direito Penal Juvenil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008

SODRÉ, Marcelo. Duas palavrinhas importantes: uma ausente, outra presente. In: FONTENELLE, Lais. Criança e consumo: 10 anos de transformação. São Paulo: Instituto Alana, 2016. p. 298-371.

SOTTO MAIOR NETO, Olympio de Sá. Garantias penais do adolescente autor de ato infracional. In: ILANUD et al (Org.). Justiça, adolescente e ato infracional: socio-educação e responsabilização. São Paulo: ILANUD, 2006. p. 123-149

SOUZA, Priscila Branco de; TESSARO, Eduardo Felipe. Publicidade infantil: uma análise sobre o papel do direito na proteção às crianças. Instituto Alana, São Paulo, v. 1, p. 1-20, nov. 2016.

TESSARO, Eduardo Felipe. A publicidade infantil e a obesidade: O papel do direito na proteção do cidadão. Berlin: Novas Edições Acadêmicas, 2014.

Downloads

Publicado

2023-04-25

Como Citar

IFANGER, F. C. de A.; FRANZOLIN , C. J. .; MICHELAN , S. A. CRIANÇA, CONSUMO E ATO INFRACIONAL . Revista da Faculdade de Direito do Sul de Minas, [S. l.], v. 39, n. 1, 2023. Disponível em: https://revista.fdsm.edu.br/index.php/revistafdsm/article/view/683. Acesso em: 23 abr. 2024.